"PAIS, SEJAM FIRMES"

Com a palavra, Rosely Sayão

Maior referência paulistana na formação de crianças e adolescentes, a psicóloga Rosely Sayão fala sobre rebeldia, bullying, drogas e outros temas que afligem as famílias


Foto: A psicóloga fala, de forma clara e sem rodeios, sobre os tabus da educação
A psicóloga fala, de forma clara e sem rodeios, sobre os tabus da educação 
 
O que fazer se eu achar um cigarro de maconha escondido na gaveta do meu filho de 15 anos? Como responder a uma menina que pede autorização para dormir em casa com o namorado? Que limites devo impor aos garotos na hora de jogar videogame? Esses e outros dilemas a respeito da educação de crianças e adolescentes costumam deixar pais de cabelo em pé. No último dia 12, 300 deles lotaram o salão nobre do Colégio Marista Arquidiocesano, na Vila Mariana, para assistir a uma palestra sobre a questão. A estrela do evento era a psicóloga paulistana Rosely Sayão, considerada a maior especialista nesse tema na cidade. Em duas horas de conversa, ela respondeu a tudo ao seu estilo, de forma direta, muitas vezes desmontando as premissas do interlocutor. "Fiz um combinado com minha filha...", dizia uma das presentes, antes de ser rebatida pela palestrante: "Olha, essa história de ‘combinado’ me irrita muito. Com criança pequena, temos de dar ordem e não estabelecer tratos". No fim do encontro, ela resumiu para o auditório a filosofia que considera mais eficiente para nortear as decisões em momentos difíceis: "Sejam potentes ao falar com o filho, mesmo sabendo que fatalmente errarão em uma coisa ou outra. Confiem no próprio taco".

Autoridade: "Eles gostam quando você mostra que manda"
A esteticista Cristiane Godoy, de 44 anos, respira fundo ao falar do filho Gustavo, hoje com 20 anos, estudante de marketing. "Ele me deu um trabalhão!", diz ela. A mãe sempre buscou ter pulso firme com o garoto, que aos 10 anos pôs fogo em uma casa de boneca no playground do prédio ¬ a punição foi fazer o menino vender geladinhos (sorvetes em saquinhos) à vizinhança até arrecadar dinheiro para reparar o dano. Na adolescência, as bebedeiras se tornaram motivo de preocupação, mas ela insistiu em puxar sua orelha. "Agora, ele é um homem responsável", diz. Segundo Rosely Sayão, o caminho adotado por Cristiane foi o correto. Ela defende a tese de que os pais não devem esmorecer diante dos sinais de rebeldia. "Se falou algo cinquenta vezes e não resolveu, fale 500. Quando temos um filho, transformamos nossa casa em um campo de batalha. Todos os dias, ele vai olhar para você e pensar: ‘Qual é a sua? Quem é que manda aqui?’. Até os 12 anos, tem de ficar claro que são vocês. A partir dessa faixa, ele pode começar a decidir só um pouquinho, depois outro tanto, até chegar por volta dos 20 anos, idade em que administra a própria vida. O processo educativo é um embate, mas se engana quem pensa que o filho reprova quem mostra autoridade. Ele gosta, porque precisa de um referencial. O papel de pai e mãe é o de careta, os mais novos é que têm de ser modernos. E hoje você vê os adultos parecendo mais transgressores do que os jovens. Também vejo besteiras, como premiar com dinheiro a arrumação do quarto, deixando de ensinar o princípio da obediência. Sugiro, porém, atenção para ser coerente em punições. Se ele gasta o limite de crédito do celular para aquela semana, não adianta gritar, tirar o videogame e depois bancar a recarga. Deixe que ele fique sem o telefone para enxergar as consequências do seu ato."
 
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 http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/rosely-sayao-pais-694520.shtml

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